27 outubro 2009

Carinho de amigo

Ele deitou-se ao lado dela. Na inocência da amizade. Mas então ela encostou a sua cabeça no seu peito e abraçou-o. Ele respirou fundo e acariciou-lhe os cabelos. Ambos precisavam de carinho, e tinham tanto para dar. E assim partilharam a primeira noite juntos. Puros amigos que precisavam da companhia de alguém naquela noite. Mas então ele teve de se levantar, e sem saber se por algum hábito antigo ou por algum sentimento que se despertou naquela noite, beijou-a na testa como que dizendo “Já venho querida, espera por mim”.




Ela sentiu as carícias dele no cabelo. Sentiu-se bem e quis retribuir o gesto. Mas não foi capaz de o acariciar. Isso trazia-lhe demasiadas recordações. Recordações antigas de uma vida passada. Recordações recentes de um abraço no final de uma noite passada como que por engano. Pôde apenas abraçá-lo e receber as carícias dele. E assim adormeceu nos braços de um bom amigo que havia descoberto há bem pouco tempo.



Acordou com a agitação dele ao levantar-se, e ao dar-lhe um beijo de despedida antes de sair da cama. Toda a noite tinha corrido com naturalidade. Dois simples amigos que precisavam de carinho. Mas aquele beijo foi estranho. Parecia que havia uma cumplicidade onde não podia existir, uma intimidade que nunca tinha tido oportunidade de se formar. Ela achou estranho, mas continuou a sentir-se bem. Naquele momento estava preenchida e sentia-se completa. Finalmente esquecera o outro. Não tinha corrido para ele quando soubera que ele estava sozinho na cama. Tinha permanecido ali, nos braços dele. E passou uma das melhores noites dos últimos meses como recompensa.








05.Agosto.2009



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