18 setembro 2011

pensamentos em remoinho XI

falho em saber o futuro. Como se alguém pudesse realmente falhar em tal coisa, porque a única coisa que se pode oferecer é o presente e nele tem de residir a certeza.
mas quando a certeza não existe há muito, viramos o nosso pensamento para o futuro, como se ele pudesse trazer de imediato as respostas de que precisamos. Será mesmo que dando um tempo as coisas se resolvem?
Acho isso um pouco impossível, pois isso quer dizer continuar a bater na mesma tecla, a tentar outra e outra vez até que a certeza que queremos regresse. Ficamos a pairar na incerteza, a confiar no futuro para resolver o problema.
É como os loucos fazem. Repetir os mesmos passos na esperança que o resultado seja diferente.
Queria uma oportunidade de te falar. Mas não há tempo, oportunidade e, ultimamente, vontade. Não queria a incerteza a rondar-me. mais do que isso, não queria acomodar-me nessa incerteza. Não consigo mais esperar resultados diferentes.
Não tenho certezas de ti. E não queria ficar suspensa a caminhar sobre esse fio.

13 setembro 2011

No Escuro

Encolho as pernas para cima do sofá e escondo os pés de forma a estes não passarem dos limites das almofadas.
Estendo o braço a medo para pegar na chávena de leite quente.
As luzes estão apagadas, e aquela porta aberta no fundo da sala só deixa entrar a sombra e a escuridão do que a vista não consegue alcançar.
As luzes estão apagadas. Apenas a projecção das imagens no ecrã transmitem alguma cor e dão contornos às superfícies da sala, à superfície do meu corpo.

Pego na gata. Deito-me com ela no meu colo. Aconchego-a bem, para que não fuja. Os gatos eram sagrados no antigo Egipto. Pode ser que consiga iluminar mais um pouco a sala escura.
Deito-me e assisto ao desenrolar das cenas, ao movimento das personagens. Sinto o medo delas. Sobressalto-me com elas. Assusto-me por elas.
No final, levanto-me devagar. Não ponho os pés no chão. E se eles me conseguissem agarrar? Mantenho-me na segurança do sofá. Ponho-me de pé em cima dele, percorro com o olhar os outros dois sofás individuais. Procuro-os. E percorro-os para chegar ao interruptor da luz. Consigo alcançá-lo. Acendo a luz.

Afinal a sala não tinha assim tantas sombras. Falta-lhe apenas alguma artificialidade para as afastar.
Mesmo assim evito olhar os espelhos. Não se sabe o que eles podem mostrar.

Nunca a adrenalina do medo fez tanto sentido!