24 janeiro 2011

vou-vos contar uma história a ver se entendemos todos

Somos claramente um grupo do catano. Para lá do fenomenal, não duvidem. Reunimos características perfeitamente inalcançáveis à maioria dos seres que existem por cá. Juntos atingimos um equilíbrio que poucos equilibristas dominam…e nem precisamos de andar na corda bamba.

Ora, disto não se vê lá fora. Somos edição limitada. Nem os ferrero rocher são capazes de tal; são sazonais e temos pena. Agora nós…nós somos bem melhores até que os gelados da olá que só existem durante 3-5 dias no verão.

E isto foi tudo estratégia. Chama-se exportação. Escolhemos dois dos nossos melhores exemplares e exportámo-los porque sabemos que terão muito para ensinar à maltinha britânica.


Porque afinal sempre foi a isto que brindámos, à emigração.

Aguardamos assim os relatórios referentes ao reconhecimento de terreno, caracterização dessa nova espécie tão peculiar e, por favor, com p.s.’s gigantes contendo a explicação de como o restante grupo que por cá se encontra a suportar a missão tem características tão mais cativantes que os nativos.

23 janeiro 2011

17 janeiro 2011

Circunstâncias #2

hoje concluí que não importa o esforço que faço pelos outros, as vezes que os ajudo, as vezes que minto para os ajudar, as vezes que perdoo... não importa porque, por mais que as pessoas digam, que te sejam próximas, não muda o facto de chegada a hora só pensarem nelas.


de entre isto tudo esperava algum reconhecimento. fiz as minhas escolhas, mas nunca te esqueci no meio do caminho e fiz o máximo que podia, esquecendo-me de mim. e tu esquecendo-te de mim...

o único consolo que fica...é que fui eu. sou mais por isso. sinto que no final do dia fiz o mais que podia para te por um sorriso na cara. sim, esquecendo-me de mim.


ah, obrigada mãe. nunca tinha percebido realmente as tuas palavras, agora sei o que querias dizer. alguns de nós não estão preparados para o mundo cão, não...

06 janeiro 2011

Porque também não me podia esquecer de ti

E para ti, faltam-me as palavras. Nunca precisámos verdadeiramente de palavras. Sempre nos entendemos melhor sem elas. É por isto que eu não gosto de palavras. São tão pequeninas. Não cabe lá tudo. E tu, sempre percebeste isso. E é por isso que me custa tanto escrever-te alguma coisa. Porque nunca vai ter metade do significado que eu queria que tivesse. Hoje ia para sair de casa, e adivinha? Não sabia onde tinha as chaves. Nunca sei! Virei-me para a porta e abri a boca. Ia-te perguntar onde é que eu tinha deixado as chaves. Tu eras aquela que sabias sempre onde estavam as coisas na minha vida. Adivinhavas sempre o que eu precisava, do que eu andava à procura (e não, não me estou a referir só às chaves). E eras tu que com um sorriso e um olhar que dizia “se não fosse eu…” (ves...nunca precisámos de palavras mesmo) me apontavas na direcção certa. Se não fosses tu…se não fosses tu eu não era a pessoa que sou hoje.

Hoje não me ias responder, se te perguntasse onde tinha deixado as minhas chaves. Não estavas aqui. Mas, tive a ligeira impressão que se te ligasse ias saber onde é que elas estavam. Porque tu conheces-me de cor. Conheces todos os cantos da minha vida.

Quando voltares, não vou precisar de te dizer nada pois não? Vai estar escrito na minha cara.

Para te lembrares...

Sentámo-nos ambas naquela varanda, numa terra totalmente desconhecida, a olhar um ceú que nos parecia familiar. Sempre me soubes-te ler. Não é fácil. Não deixo que ninguém veja o que estou a pensar. Mas a ti, não te conseguia deixar do lado de fora da minha mente. Naquela varanda, naquela terra que muitos consideram Santa, confessámos os nossos erros. Admitimos ter medo. E mesmo sem palavras, mesmo no mais profundo silêncio, admitimos que estavamos ali para fugir aos nossos problemas. Lembro-me que estava sempre vento naquele sitio. E aquele vento sabia-me tão bem. Pareceu-me na altura que me levava todos os medos para longe. E tentei dizer-te para fazeres o mesmo. Para te deixares ir, para sentires o vento, para deixares que ele levasse o passado para longe. Não sei se me ouviste naquela altura, mas sei que acabaste por fazer isso. Hoje nenhuma de nós tem medo. Hoje ambas deixámos o passado para trás. E os erros de que falámos naquela varanda…esses foram levados por aquele vento abençoado para bem longe. Só ficaram as lições que tirámos deles.

Afinal dizer que me tinhas feito chorar com aquele texto não era suficiente. Faltou-me dizer-te isto.

Quando voltares, havemos de nos sentar de novo na varanda. E vais-me contar todas as tuas aventuras. Vais-me falar de erros, e de descobertas fantásticas. Eu vou sorrir, e baixinho vou dizer aquilo que tu já sabes. “Senti a tua falta”

Num momento de saudade antecipada

Gostava de ter um implante de memória artificial. Tal como aquele que Robin Williams teve durante os meses em que as filmagens de ‘The Final Cut’ decorreram. Gostava de ter como que uma fita de cassete que gravasse todos os momentos, possível de reproduzir como que um filme em tempo real.
Se fosse dona de uma tal memória, escolheria as cenas para um filme em que eu seria a realizadora e operadora de camera, e todos os outros os actores e actrizes que passaram pela minha vida.
Aos figurantes, a esses, daria a simples importância que poderão ter tido no seu tempo.
Aos actores e actrizes principais, a esses, dedicaria uma seleccão dos momentos que não necessito de nenhuma artimanha tecnológica para recordar. A vocês, pessoas importantes, ofereceria um filme que compilasse todas as cenas que quero que acreditem que não esquecerei, por mais longe que esteja, por mais tempo que passe, por menos palavras que troque, por mais diferente que o mundo se torne.

E a ti, faria uma selecção especial. Das primeiras palavras que trocámos, como que descobrindo as semelhanças (ainda me lembro dos livros citados, das escritoras nomeadas); das discussões que ninguém compreendia mas que tanto sentido nos fazia; Das argumentações estúpidas que duravam umas boas horas (sim sim, lembro-me perfeitamente do milhão de mensagens trocadas a discutir o estado dos meus neurónios); Das palavras frias que trocamos quando o resto do mundo está contra nós e é uma na outra que resolvemos descarregar a fúria (continuo a pensar nos meses de verão que nem falar de forma neutra me era possível; dos momentos em que deixo de me fazer de insensível e mostro aquilo que até consigo ser (não tiro da memória aquela noite na varanda de certo edifício, onde se confessaram momentos, onde se olharam estrelas, onde quis mostrar a importância que poderias ter apesar das palavras ríspidas)… Sim sim, estes e muitos mais eu seleccionaria para te lembrar que és uma das atrizes principais da minha (suposta) memória artificial. Até os abraços forçados e aqueles pedichandos eu incluíria.

As mudanças são dificeis de ultrapassar. Não haja dúvida.
Mas vir para Aveiro foi uma das mudanças que não me arrepende de ter escolhido, só dos momentos que posso não ter aproveitado ao máximo.

Veremos o que as próximas (me/nos/e também a vocês) trarão…