11 abril 2010

Just rage.


Não consigo pousar a cabeça na almofada, dormir alguma coisa de jeito, depois do que me disseste. As palavras dão voltas e voltas na minha cabeça, mas a meio perdem o sentido e eu vou-me com elas. Não te custava ter-me contado a verdade mais cedo. Não te custava mesmo nada. Assim, o passado já não seria uma montanha de mentiras, que me chegam a causar nojo.

Assim que saíste pela porta, numa atitude de raiva cega e irracional, queimei tudo o que tinha de ti. Pathetic me. Debruçada no lavatório, a tentar não molhar o fósforo com as lágrimas furiosas que chorava.

Quando me acalmei, mandei aquela merda toda, aquela tua merda toda, cano abaixo. Tirei um cigarro do maço. O primeiro de muitos durante o dia.

Dizes que ela te faz sentir vivo. Acredito. Sei mesmo de que maneira, seu cabrão de merda. Sei que não vai durar e vais querer voltar. Nessa altura vou ter um grande gosto em te bater com a cara na porta. Se te aleijar ainda melhor. Se sangrares e morreres à porta, juro-te que vou tentar não te pisar quando sair de casa.

O pior, seu filho da mãe, é que me roubaste o sossego. Pedi-te que me deixasses sozinha e em paz. Quiseste ter-me. Quiseste construir todas aquelas patetices comigo. Querias ter filhos...

E assim, sozinha, sentada à mesa da cozinha e a olhar através da janela, a olhar para o mundo que se continua a movimentar, não percebo.

Ainda ontem me amavas... que aconteceu?

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