23 outubro 2010

pára tudo! sabem porquê?

Olhei para mim hoje e não me senti um pinguinho de pessoa diferente. Continuo eu. Mas depois, perante tal gravidade de situação, comecei a pensar melhor. Muito melhor. As spice girls já não são a banda sonora do meu dia. A new wave já deixou de passar na televisão. Os fatos de treino com conjugações de cores estranhas já não fazem parte da minha indumentária habitual. A minha casa de outrora já não é bem a minha casa a tempo inteiro. A minha cor preferida mudou. Os meus amigos são diferentes.

Aí foi o choque. Mas depois entendi; a mudança – que tantos arrepios sempre me causou – era boa. Era esta a prova. É certo que os jeitosos da new wave eram mesmo jeitosos e aqueles fatos de treino um meio termo entre foleirice e conforto, mas eram certos no tempo deles.

Afinal, mudei. Afinal sou hoje um bicho diferente do que imaginava que seria com 21 anos. Disse adeuses definitivos a pessoas outrora fundamentais. Aprendi a apreciar cebola com moderação. E outras coisas sem ela – a moderação, entenda-se. Fiz coisas que nunca pensei fazer. Fiz tropeçar velhas, fiz gente corar, fiz gente irritar-se comigo. E afinal, isso fez-me tudo o que sou. (À excepção da velhota, que teria todo o gosto em não ter feito tropeçar. Não sou assim tão monstrinha.)

E o mais importante de tudo, fiz contas das difíceis, sem direito a fórmula resolvente para tornar possível a probabilidade ínfima de nos encontrarmos todos. Culpa minha, claro está. E não imaginam o quanto eu gosto que me aturem.

Espero que seja assim até um tempo muito muito longe daqui, em que nos queixaremos que as quintas à noite já não são a mesma coisa, que a internet é um meio completamente ultrapassado e que as amizades no nosso tempo é que eram. E tenham a certeza que o estaremos todos a discutir durante uma sessão de karaoke sénior.





À família um muito obrigada gigante.
Porque o maior presente de hoje são mesmo vocês.

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