21 março 2010

teoria #1.1 – buracos vs túneis

Há muito nos foi pedido que a teoria #1 – buracos fosse reformulada. Ou melhor, melhorada. ‘Pera, não é bem melhorada, talvez o mais correcto seja, melhor explicitada ou mesmo completada.

E o que nos foi sugerido foi a possibilidade da existência de túneis entre os buracos. Túneis que permitissem fugir quando a cobardia é demasiado elevada para nos deixarmos cair, ou quando chegamos ao fundo e nos magoamos.

E aqui fica a nossa perspectiva da coisa:
Existem sim túneis entre os buracos que são “as pessoas-especiais-com-as-quais-queremos-partilhar-mais-do-que-repenicados-beijinhos-na-cara”. Existem sim túneis que nos permitem fugir para não nos deixarmos cair, ou onde nos refugiamos quando a queda não foi tão agradável quanto sonhávamos que seria. Mas de nada estes túneis nos servem, senão para esbaterem uma qualquer dor que possa existir dentro de nós. Porque se fugimos, e se o conseguimos fazer, foi porque o buraco não nos puxava assim com tanta força, e então o túnel acaba por não ser um real túnel, mas sim um buraco no qual decidimos cair em detrimento do primeiro. Agora se caímos, e já lá no fundo, o buraco deixou de ser tão acolhedor quando o era no decorrer da queda, se se mostrou cheio de espinhos em vez de almofadas daquelas bem fofinhas, aí o túnel apenas servirá para tentar disfarçar a dor que as feridas da queda trouxeram. Mas apenas disfarçar. Porque quando olhamos para trás e vemos um rasgo daquele buraco, mesmo que coberto de espinhos, a dor volta, e a saudade dele permanece. Mesmo que o túnel seja bem mais agradável.

Conclusão: Existem, sem sombra de dúvida, os túneis. E são por vezes usados, por aqueles que não se conseguem levantar sozinhos, por aqueles a quem falta a força para lutar ou que não sabem como tal se faz. Mas sim, sabe bem entrar e percorrer estes túneis.

Conselho: Não usem os túneis. Eles são na mesma pessoas especiais. E as pessoas especiais não podem ser substituídas umas pelas outras. Se querem os túneis, transformem-nos em verdadeiros buracos, e se for isso que querem, trepem de um e atirem-se para ele. Mas não os façam de túneis. Não seria justo. Por mais fracos que sejamos, há que enfrentar as consequências das nossas escolhas, e se escolhemos largar a corda e deixar-nos ir até ao fundo, ou mesmo só até meio caminho, e se no final partimos alguns ossos na queda, há que consertá-los com a ajuda dos muros das nossas vidas, e não com a ajuda de túneis que possamos formar ou mesmo descobrir! [leiam-se muros como sendo as pessoas-especiais-que-nos-apoiam-não-importa-o-que-aconteça, ou seja, amigos].


Resposta à adagio (como o iogurte): Quando descobrimos algo de novo na nossa personalidade, nem tentamos mudar nem tentamos ficar iguais. Continuamos a viver e aprendemos com essa nova descoberta. Haverá sempre algumas a aparecerem. Não é preciso mudar. Apenas o é se o que descobrires não for aquilo que queres ser.

Com o apoio e consentimento de: [KIA]

5 comentários:

Adagio disse...

A primeira vez que pensamos na palavra “fugir”esta não nos soa bem. È quase sinónimo de cobardia. A segunda vez já não soa tão mal. É considerada como uma possível alternativa. Depois disso votamos a pensar nesta palavra mais 3,4,5,6,7,8 vezes. E cada vez mais o sentido negativo que lhe atribuímos inicialmente começa a desaparecer. E quando o desespero existe e quando ao mesmo tempo que ele existe pensamos nesta palavra pela nona vez ela já nos parece o maior conforto que podemos ter. Sim aquele sentimento de cobardia mantem.se la. Mas o conforto suplanta esse sentimento.
Os túneis estiveram lá sempre. Desde a primeira vez que pensamos na palavra “fugir”. Mas é a partir da nona vez que pensamos nessa palavra, que começamos a dar o primeiro passo em direcção a ele.


À medida que a dor das feridas causadas pelos espinhos que de repente apareceram no nosso buraco aumenta, aumentam também o número de passos que damos em direcção aquele túnel. Eles existem. Eles estão lá. E por vezes no momento a nossa melhor alternativa parece ser aqueles túneis. Mas não o são. Porque existir um túnel significa que existe pelo menos uma abertura. E nessa abertura está o buraco que deixámos para trás. E cada vez que olharmos para lá vamos tentar ver se os espinhos ainda lá estão. Vamos tentar pensar se será demasiado tarde para voltar atrás. E se acharmos que a resposta a ambas as perguntas é não, acabamos por minimizar a importância daquele túnel. Acabamos por estar sempre a pensar no buraco em vez do túnel. Por isso os membros da KIA têm toda a razao. Em vez de túneis, procurem novos buracos. Construam algo. Assim vamos dar sempre importância ao que temos.


Eu já caí. E descobri os espinhos. Mas não tomei o caminho de túnel nenhum. Escalei o buraco de novo até cima. E tive ajuda. Tive sempre os meus “muros” la para mim. Acho que ainda não escapei do meu buraco. E sim, continuo a olhar para trás de vez em quando. Mas estou quase a sair. Quase. E não me arrependo de não ter escolhido qualquer túnel. O esforço que fiz faz.me dar cada vez mais valor à pessoa que sou e à coragem que tive =)

morgaine disse...

Palavras sábias, sem dúvida!~E gostei de as ler. De saber que estas a trepar e a chegar ao topo, e que vais sair desse buraco, que muito sinceramente, não te merece! Não há pessoa forte que és!

Eu pelo contrário, não posso dizer que não tenha usado os túneis no passado. Usei-os e não me orgulho disso. Sou contra o seu uso agora, porque sei que de nada valerá se for naquele buraco, com ou sem espinhos, que queremos estar.
Por isso mantenho o que foi dito pela KIA, e apoiado por ti, Adagio! Não usem os túneis! Transformem-nos em buracos, e vão ver que é muito melhor! Além disso, quem melhor que os nossos 'muros' para nos mostrar o quão forte conseguimos ser, e a força que temos para conseguir trepar. Se isso for o que queremos!
Temos é que lutar para permanecer onde queremos ou ir onde queremos ir, e não criar atalhos que queremos sempre, no fundo, deixar para trás!!

drimna disse...

ora...venham buracos. venham túneis. venham túneis mascarados de buracos e buracos de túneis.

serão complicados, sem dúvida.

mas desde que estejam os muros por cá, será tudo muito mais fácil. :)

Anónimo disse...

Isso é um bocadinho a puxar para o estúpido. Ok, toda a gente cai no seu primeiro buraco, no matter what mas após a primeira queda ficariam logo alertas para não voltar a cair (sim, porque erguer-nos daquele buracão custou e não o quero subir novamente), por isso, por alma de quem é que voltamos a cair se aquilo ja tem sinais luminosos à volta a dizer "BURACO; CUIDADO!"?
1.somos deveras masoquistas
2.só os cegos caem, afinal são cegos...
3.só caimos para ver se arranjamos algum dito muro... (tentativa desesperada de chamar a atenção (?))

Quanto aos túneis... acho que eles ligam um buraco a um ainda maior que dará ainda mais trabalho a subir...

Agora, se queremos realmente sentir o prazer da queda e essa liberdade toda (Antes de chegar ao final com espinhos e isso (almofadas? puff, queriaaaas)), porque não há também, tal como buracos, umas escaditas para que pudéssemos subir e cair a vontade, e quando descêssemos e caíssemos "no reaU" estivessemos ao novel normal e era só continuar a andar em frente?!
1. a vida é realmente injusta...
2. e mais cara umas escadas que um buraco
3. eu e que tenho um karma mesmo pessimo..


desculpem a invasão...

morgaine disse...

Anónimo:
Podes não cair no mesmo buraco, ou esforçar-te para tal, mas existirão sempre buracos onde, eventualmente, cairás. E mesmo que te esforces para tal não ocorrer, é algo inevitável. Sim, somos cegos por o fazer, quando sabemos que tal nos magoará no final. Masoquistas, pah não sei se seria a palavra correcta, mas acaba por ser verdade. Quanto a ser uma tentativa de chamar a atenção, ou não percebeste a essencia da nossa teoria dos buracos [aconselho-te a ler teoria#1 - buracos] ou então não percebi. Porque cair em buracos não se trata de chamar a atenção de ninguém, só se for a desse mesmo buraco, pois esta metáfora toda resume-se a não querermos tornar-nos lamechas a falar de nos apaixonarmos e de no final sairmos magoadas e quebradas de tal.

Quanto à referência do túnel, sem dúvida alguma que nos podem levar a buracos, e estes serão sempre maiores e mais dificeis de trepar, pois este acabará por ter sempre um pouco do primeiro buraco do qual fugimos, à mistura.

Quanto à opção das escadas... Bem, acho que não se aplica. Claro que podes sempre sentir o prazer da queda e liberdade, mas isso não entraria nem de perto na sensação dos buracos. Não seria o mesmo. Mas se leres a primeira teoria, verás que os buracos possuem cordas. E tais, com grande força de vontade, podem ser usados com o objectivo que queres. Deixaste cair por momentos, mas agarraste com força antes que seja tarde de mais, trepas mais um pouco, e deixaste cair outra vez, um pouquinho, e podes andar nestes joguinhos até te cansares, ou até acabares por escorregar até ao fundo, ou simplesmente até subires definitivamente e seguires o teu caminho já sem esse buraco.

É mais ou menos esta a essencia da nossa teoria. É apenas uma metáfora para aquilo a que todos chamamos de paixão, que tantas vezes nos fere.

desculpas aceites. podes invadir quando quiseres.
[se te sentes mais à vontade como anónimo, sem problema, mas podes identificar-te, que não terá problema nenhum] ;)
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