11 março 2010

Honra

Honra.
Ter um propósito. Um objectivo. Ter as ideias tão delineadas que se sabe o que seguir, quem seguir, e que fazer para o fazer.
Não andar perdido no mundo, rodeado de desejos inalcançáveis, sonhando paraísos inexistentes. Estar neste mundo e ter pelo que lutar. Pelo que morrer. Ter uma causa para acordar de manhã. Ter uma perfeição a alcançar. E chegar. Isso ser o suficiente para a alma estar preenchida. Não serem necessárias distracções. Não serem nem precisas nem sequer desejadas. Porque o que se tem chega. É suficiente. Porque aquela perfeição que se quer alcançar é suficiente. Porque a honra de tal se conseguir é a perfeição a que se aspira desde a primeira inspiração neste mundo.
Imaginar que existiam pessoas assim. Não corrompidas pela insanidade que invade agora os seres que pisam esta terra. Figuras que inspiram, não só medo e devoção, mas acima de tudo respeito. Porque tinham ideais que seguiam, e não se deixavam rebaixar por meros receios. Porque não desviavam os olhos porque era difícil olhar. Nem tremiam apenas porque o medo era mais forte que a força. Não. A força era a que se sobreponha. Sempre e em qualquer situação. Porque quando se acredita, acreditar verdadeiramente, com todo o espírito, alma, corpo, coração, mente, e com qualquer outra entidade que de nós faz parte, não há nada que nos faça vergar perante obstáculos. Nada nos fará retroceder no caminho para chegar à meta que tanto se procura. Nada.
E é disto que eu precisava. E é isto que me faz acreditar que não pertenço aqui. Porque nesta era não há lugar para a honra. Não há lugar para a perfeição. Nem vontade existe que ela apareça. Porque as distracções são demasiadas. Porque a preguiça habita entre nós. Porque a matéria de que essas figuras honradas eram feitas perdeu-se ao longo dos tempos, foi-se dissolvendo entre as gerações, não chegando a suficiente a nós.
Mas se eu tivesse a coragem, a vontade, a capacidade. Se vivesse no tempo certo, na altura certa. Se tivesse sido feita com a matéria certa. Se tudo se conjugasse. Eu trocava as noites passadas ao som da música e as horas de nada por uma vida curta, mas preenchida de honra, vontade e confiança naquilo que acredito. E mostraria ao mundo que a perfeição não é algo inatingível. Mas sim algo que se tem que trabalhar para alcançar. E que a honra foi, é, e continuará a ser a maior das qualidades que o ser humano pode mostrar. Não arrogância nem ganância. Honra. Honra no que somos, honra no que fomos, do que fizemos, honra no que conseguimos e naquilo pelo que lutamos conseguir para nós agora, e para o nós de amanhã. Honra no que acreditamos. E não vergonha por acreditarmos!


[Se me tivessem perguntado o que queria ser quando para este mundo vim, diria que queria ser alguém honrado. Alguém que não tinha medo de morrer pelo que acreditava. Alguém que se destacava dos outros pela sua força, pela sua inteligência. Se pudesse, teria escolhido ser um soldado. Viver numa guerra. Não as actuais, porque dessas a honra foge. As verdadeiras guerras, onde se luta pelo que se acredita, e se necessário, se morre por isso também. Mas sempre com um objectivo: mostrar algo, provar, e mudar as mentalidades erradas que pudessem existir.]

Utopias de alguém que (não) vive neste mundo.
[16.Fevereiro.2010]

1 comentário:

João disse...

gostei do post e do blog. Obrigado por nos visitarem no 4º Direito. Haverá novos posts em breve :) ...