22 março 2010

E voltámos ao mesmo

No meio de tanta depressão. No meio de tantos choros, caras amuadas, olhos que mais parecem fundos de garrafas, ataques de histerismo. Temos ataques de risos. Daqueles que ninguém que não esteja aqui alguma vez compreenderá. Porque nós gerimo-nos assim. No meio de nada de bom, achamos coisas mínimas para deitar cá para fora umas valentes gargalhadas, daquelas que nos ficam nos ouvidos, mas que nem aos olhos nos chegam. Sejam elas criadas pela referência à tensão pré-mamária de uma, pelo pedido de verificação desta, pela referência a um passado hipotético nos balneários. Sejam elas devidas ao pior humor mórbido que possam imaginar. Tudo é motivo para que a nossa mesa consiga uns minutos de riso em vez das tão habituais cabisbaixas faces, dos acenos sem energia e da não presença de palavras, porque simplesmente não se sabe o que se dizer, do que se falar, quando qualquer motivo seria motivo de ‘deprimência’. E então inventamos motivos para risos. Daqueles que chateia para caraças os nossos vizinhos. Até os do prédio do lado, porque a nossa janela está sempre aberta. Inventamos motivos para que, por momentos, a alegria que esta casa era cheia volte. Por momentos.

Chegámos à conclusão que, meio ano depois, estamos as três, novamente, na fase do
‘Compõe-te, Oh! caralho’

E digo-vos eu, não é uma fase bonita para se estar.

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