14 março 2010

pensamentos em remoinho VIII

Pegou nas chaves de casa e foi dar uma volta. O habitual, no meio do seu caos pessoal.
Procurava esquecer. Vencer-se pelo cansaço. Acima de tudo não pensar.
Aproximou-se da ria e quando atravessava a ponte viu-o. Trazia uma mala na mão. E no meio do seu caos pessoal conseguia perceber que estava tão confuso como ela. E no meio daquilo tudo, teve uma vontade estranha de se aproximar dele. E de perceber o que se passava com ele. Porque com ela nada estava bem e, de certa maneira, percebia o que era o seu desespero. Imaginou mil cenários num rasgo de segundos. Das inúmeras possibilidades que o faziam balançar a pasta na mão, ao pé da ria. Distraído. Teve uma vontade estranha de se aproximar dele. De que de uma maneira, também ela estranha, ele estivesse destinado a fazer parte da sua vida. Estranhamenete e ridiculamente. Como sempre eram as suas histórias, os pequenos dramas imaginados, que escrevia num qualquer espaço da sua mente, à falta de papel. Desde pequenina.
Mas não o fez e, estranhamente, por cada passo que dava na direcção oposta, crescia uma dor no peito, que não sabia explicar. O pensamento que ele pertencia num qualquer espaço da sua linha de vida tinha-se transformado em certeza, entranhara-se em si. E desesperadamente, naquele momento somou mais uma tristeza, que lhe pesou no peito e tornou o caminho para casa ainda mais negro.

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