O símbolo de uma infância livre de fiscalização de brinquedos. Falo-vos, claro está, de pegamonstros.
Fomos nós a geração que soube o gozo que era atirar com bonecada pegajosa a toda e qualquer superfície. Fomos nós quem descobriu o que era ser paciente à custa destes bichos e da maneira presunçosa como faziam questão em demorar imenso tempo a descolar-se de tectos ou, de um modo geral, qualquer zona por nós inalcançável. Fomos nós que percebemos afinal o que era isto da persistência quando, apesar de todos os ralhetes das nossas mães, continuámos a atirar com eles para todo o lado só para termos de as ouvir gritar ainda mais alto. Fomos nós que aprendemos as primeiras lições de higiene quando tivémos de nos desenrascar a lavar aquilo quando o pó que acumulava já lhe tinha retirado todo o poder pegajoso, só para não termos de comprar mais nenhum [até porque, por esta altura, os nossos pais já tinham ganho um ódio tão grande por aquilo que a compra de um substituto seria a última coisa que iriam financiar.].
Não posso precisar como eram os meus pegamonstros – se lobisomens, zombies ou vampiros (sim, na altura já os havia. e bastante mais credíveis, diga-se!) – porque, ao que constato, todos acabavam da mesma forma. Um grande aglomerado irreconhecível de todo o tipo de cotão.
Obrigada, pegamonstros. Obrigada, mães que aturaram estes seres estranhos nos vossos tectos, paredes, televisões ou mesmo no próprio corpo [não sei quanto a vós, mas eu era este tipo de filha.].
(E agora não me venham com tretas...que o Flubber, a ser um pegamonstro, era um muito fraquinho.)
4 comentários:
A questão mais pertinente é mesmo "que tipo de filha és tu hoje?" :p
bem, não tenho bem a certeza do tipo de filha que sou na actualidade...nessa apanhaste-me.
mas para teu descanso pessoal [imagino eu que isso é tudo solidariedade para com a minha progenitora!], já não sou a filha que fazia questão de atirar com os pegamonstros todos à cara da minha mãe.
suponho que se chama evolução. [em grande parte porque, entretanto, desenvolvi outras competências que me permitem ser igualmente irritante, sem necessidade de recurso a melheca colorida peganhenta :)]
Como tu própria disseste, foste apanhada.. e como tal fugiste ao foro da questão, visto que não se pode definir algo pela negativa, e que me parece que é algo que tu fizeste :)
E agora? :p
ora, aqui é que entramos em desacordo. pessoalmente, considero que as coisas se podem definir pela negativa. sobretudo as coisas de difícil definição.
e é esse tipo de filha que eu sou agora. o de difícil definição.
[começo a achar que a minha progenitora te anda a pagar para me colocares estas perguntas e em condição de reflexão acerca do meu medíocre papel como filha xD]
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