28 janeiro 2010

owner of her heart!


Um dia acordas e olhas para o tecto. Lês mais uma vez o letreiro ‘Não devias estar a ler isto, preguiçoso. A levantar já!’ que ela fez e ainda por lá se vai aguentando, com alguma magia anti-gravidade, da qual sempre desconfiaste.

Pisas o chão, frio nesse dia. E tão quente que estava ontem quando por lá se passearam. Mas ela já foi. Tem sempre de sair tão cedo, aquela puta, pensas.

Escondes a cara entre as mãos em frente ao espelho da casa-de-banho e ajeitas o cabelo como se por mero acaso alguma entidade divina ainda pudesse dar um jeito a isso.

Trincas duas vezes, de lados opostos, a mesma maçã – aquela maniazinha que preservaste desde que o fizeste um dia e ele te correu bem. Ela chama-lhe só ‘infantilidade’, mas tu sabes que é esse trincar que faz com que ela páre todos os dias na tua cama. É isso que deixa que tudo fique bem.

Escreves-lhe uma mensagem apressada no telemóvel que envias todos os dias às 13:47 horas em ponto, a hora em que se conheceram sem ela saber e que fizeste questão de memorizar. A de hoje diz ‘Espera só para veres a mensagem de amanhã!’ porque tu não sabes sequer o que lhe dizer mais. Não importa. Quando ela chegar, tu mostrar-lhe-ás. Sem palavras nem sílabas. Sempre te fizeste entender muito melhor no silêncio.

Sorris ao perceber que, ao acaso, vestiste a combinação de cores que ela mais gosta. E nesse momento sabes, tens a certeza que sim.

Vai ser um bom dia.

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