06 janeiro 2011

Num momento de saudade antecipada

Gostava de ter um implante de memória artificial. Tal como aquele que Robin Williams teve durante os meses em que as filmagens de ‘The Final Cut’ decorreram. Gostava de ter como que uma fita de cassete que gravasse todos os momentos, possível de reproduzir como que um filme em tempo real.
Se fosse dona de uma tal memória, escolheria as cenas para um filme em que eu seria a realizadora e operadora de camera, e todos os outros os actores e actrizes que passaram pela minha vida.
Aos figurantes, a esses, daria a simples importância que poderão ter tido no seu tempo.
Aos actores e actrizes principais, a esses, dedicaria uma seleccão dos momentos que não necessito de nenhuma artimanha tecnológica para recordar. A vocês, pessoas importantes, ofereceria um filme que compilasse todas as cenas que quero que acreditem que não esquecerei, por mais longe que esteja, por mais tempo que passe, por menos palavras que troque, por mais diferente que o mundo se torne.

E a ti, faria uma selecção especial. Das primeiras palavras que trocámos, como que descobrindo as semelhanças (ainda me lembro dos livros citados, das escritoras nomeadas); das discussões que ninguém compreendia mas que tanto sentido nos fazia; Das argumentações estúpidas que duravam umas boas horas (sim sim, lembro-me perfeitamente do milhão de mensagens trocadas a discutir o estado dos meus neurónios); Das palavras frias que trocamos quando o resto do mundo está contra nós e é uma na outra que resolvemos descarregar a fúria (continuo a pensar nos meses de verão que nem falar de forma neutra me era possível; dos momentos em que deixo de me fazer de insensível e mostro aquilo que até consigo ser (não tiro da memória aquela noite na varanda de certo edifício, onde se confessaram momentos, onde se olharam estrelas, onde quis mostrar a importância que poderias ter apesar das palavras ríspidas)… Sim sim, estes e muitos mais eu seleccionaria para te lembrar que és uma das atrizes principais da minha (suposta) memória artificial. Até os abraços forçados e aqueles pedichandos eu incluíria.

As mudanças são dificeis de ultrapassar. Não haja dúvida.
Mas vir para Aveiro foi uma das mudanças que não me arrepende de ter escolhido, só dos momentos que posso não ter aproveitado ao máximo.

Veremos o que as próximas (me/nos/e também a vocês) trarão…

2 comentários:

AAdagio disse...

A mim...a mim fizeste-me chorar agora! e acho que nem preciso de dizer mais nada.

Liadan disse...

="]