Há coisas que não descolam facilmente de nós. Pastilhas da sola num dia de calor, melgas, pressentimentos.
Coisas más.
Há pessoas que não descolam de nós. Amigos, amores, família.
Estas nós queremos sempre perto. Para o bem e (muito) para o mau.
Por isso é que é difícil despedirmo-nos das pessoas. Fizeram parte do nosso bom e estiveram lá para o mau. É injusto que tenham de descolar de nós. Que se tornem memórias. Pessoalmente não gosto muito de memórias.
Fico nostálgica e a tristeza invade-me. Mesmo que sejam coisas boas E , oh, como as coisas boas lembradas me doem mais! parece que não descolam.
Não é justo ter de dizer adeus a ninguém. Não a quem se ama. Não por que não se percebe como aconteceu.
Há muito que não sentia vontade de escrever. A vida, as desilusões e os "adeuses" fizeram-me ficar paradinha. Cheia de medo que uma vez, se tornasse no habitual.
Não foi por ter ficado paradinha que isso deixou de acontecer.
Disse adeus a muitas coisas nos últimos anos. Fui ficando cada vez mais parada, sem respirar, sem aceitar de verdade. Sem recorrer às memórias por que é fodidamente mais difícil.
Mas principalmente, disse adeus a muitas coisas minhas. A parte de mim que me encantava. que me fazia sorrir e sentir única. E nem posso recorrer à memória, por que já nem nesse espaço existo.
Dizer adeus nunca será fácil. Gostava que não tivesse de fazer parte da vida adulta, como de resto tudo o que é chato e mau, parece fazer.
Mas é.
3 comentários:
depois de ler, também fiquei com vontade de escrever. infelizmente, também estou a chegar a um fim de ciclo.
e há alguns "adeus" que embora temporários, vão sempre custar.
mas do que aprendi a melhor cura às coisas que são nossas (sejam momentos, sejam coisas físicas, seja uma amizade, etc.) aprendi que a melhor forma de combater a saudade é mesmo recorrer à memória. Acredita que sim. E esse espaço existe para todos. Ninguém fica de fora. Isso é o efeito virtual da memória. Ninguém sem excepção se esquece de memórias.
Ficar adulto (terminar a universidade) também me assusta. Acho que não vou perder memórias. Vou lutar para as manter acesas, nem que ir mais vezes a Aveiro possa ficar caro, o dinheiro deve ser usado precisamente nos momentos que achamos bons e se achas recordar um deles, usa a tua energia nisso.
João,
4ºDireito / 8ºC ;)
Obrigada, João pelo teu comentário. =)
Talvez haja dias mais difíceis que os outros e então aí doa mais lembrar.
Às vezes as memórias funcionam quase como mel, fazem-me sorrir quando vou na rua; outras vezes fazem mesmo doer a alma (se tal é possível) pela distância a que estão, no tempo.
E sim, também assusta-me "crescer". Às vezes não me apetece ;P Mas, ei, há-de ter as suas coisas boas. E as memórias estarão lá :)
as memórias permanecem sempre, sei-o agora por experiência própria. e melhor que isso é saber que estamos sempre prontos para criar novas memórias quando fazemos ajuntamentos.
porque qualquer dinheiro gasto a retornar a aveiro é mais do que ganho em matança de saudades e gargalhadas sentidas :)
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