Ela chega
perto dele, em lágrimas, e pede-lhe perdão. Diz que o ama e que não sabe como
viver sem ele na vida dela. Por isso age de forma tão imatura, tão adolescente.
Porque não sabe quem é sem ele. Ele não quer, mas abraça-a, porque ela é dele,
porque ele nunca deixou de ser dela. Naquele abraço, tudo à volta deixa de
existir. Tudo o que foi dito a terceiras pessoas, tudo o que foi sentido e
imaginado. Tudo. Desaparece naquele abraço.
As mãos dele
redescobrem o corpo que há tanto tempo não sentiam. As mãos dela, tímidas e
trémulas, acariciam o rosto que não via há demasiado tempo.
Envolvem-se
num misto de saudade e amor. Numa mistura de carinho e remorso. Ele entra nela
com um tal carinho que a deixa de lágrimas nos olhos e um sorriso nos lábios.
Movem-se como se de um só corpo se tratassem. Esquecem o que foi e o que poderá
vir a ser. Esquecem passado e futuro. E por instantes, abandonam o presente em
que vivem. É palpável o sentimento que existe em cada movimento, em cada
carícia, em cada palavra sussurrada ao ouvido. É palpável e audível o amor que
deles nunca desapareceu. E no final, o grito foi uníssono, corpos movendo-se
num movimento tão suave, que acompanha o gemido final que celebra o amor que há
tanto não partilhavam.
Nus, ela
adormeceu aninhada no peito dele, com os braços dele a rodearem-lhe o corpo.
Como que pedindo para ela não se ir embora. Como dizendo a quem os visse que
ela era dele e dali ele não a ia deixar sair.
Manhã, ele
acorda e vê-se sozinho na cama. Teria sonhado? Não. Ela estava ali, sentada na
ponta da cama. Vestida. A olhar para ele. Ele sentiu que algo não estava bem.
Ele viu-a a aproximar-se dele com um sorriso tímido nos lábios. Um sorriso
tímido e triste. Sentiu os lábios dela pegarem nos seus num beijo tão carinhoso
que até fez doer. Sentiu os lábios dela se encostarem à sua testa ao de leve. E
ouviu o que desejou ser surdo para não escutar. “Adeus”.
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