À pouco mais de um ano era capaz de dormir 5 horas. Por
vezes menos. Outras vezes mesmo nada. Não dormia simplesmente. Era uma perda de
tempo fazer tal coisa, com tantas outras melhores para fazer.
À pouco mais de um ano tinha a vida bem mais atarefada. Mais
atarefada e dormia menos. Muito menos. Às vezes mesmo nada.
Presentemente, sou capaz de dormir 7 horas e acordar como se
ainda nem pela cama tivesse passado desde o dia anterior. 7 horas, e é como se
de nada se tratasse.
Presentemente, a vida parece ser bem mais calma, apesar de
mais complexa, e durmo 7 horas. 7 horas, que parecem nada.
À pouco mais de um ano tinha muito com que me preocupar.
No meio de aulas, frequências, trabalhos, noites, festas, jantares, convívio, amigos, casa e tantas outras coisas, a preocupação residia no tempo
disponível para não dormir e aquele que restava para fechar os olhos. À pouco
mais de um ano a vida era bem mais atarefada. Mais atarefada na medida em que
não se fazia nada de jeito, mas havia sempre algo para fazer. Vendo bem, a vida à pouco mais de um ano
era bem mais atarefada por ser tão cheia de uma vida tão despreocupada como só aquela.
Presentemente, há todo um mundo de cenas sem vida com que se
preocupar. Entre trabalhos, casa, refeições, fins-de-semana e exercício físico, nada grita tanto por vida como gritavam aqueles seres que viveram juntos à pouco mais de um ano. Sim, presentemente a vida é calma, mas bem mais complexa
do que qualquer despreocupação poderia ser.
E a questão, depois de tanto desejar a irresponsabilidade de
tempos que não voltam, é a seguinte: é a isto que chama de crescer?
E mais, mas que raio de ideia é não conseguir aguentar de pé com olhos bem abertos depois de 7 horas na sorna quando à pouco mais de um ano 5 horas de olhos
fechados era o suficiente, e às vezes até de mais?
É isto que significa
ter 23 anos!?
Não quero!!
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