Inspirei fundo. Deixei que o ar salgado inundasse os meus pulmões. Expirei e voltei a repetir o mesmo ritual. Como se cada lufada daquele ar fosse capaz de limpar todo o meu corpo. Dei um passo. E depois mais outro. Caminhei devagar. Sem pressa de chegar a lado algum. O vento batia-me na cara e a cada passo que dava fustigava-me com uma força que me era bem vinda. Caminhar sem propósito, só com a sensação de que tinha de continuar a andar e vencer a corrente foi o que ocupou a minha mente durante um tempo que pareceu infindável.
Fechei os olhos. A intensidade do vento aumentou. O som do mar revolto que deslizava ao meu lado pareceu subir de volume, e o cheiro a maresia pareceu envolver cada centímetro da minha pele.
E de repente tudo parou. Abri os olhos e vi o que tinha acalmado toda aquela batalha que se desenrolava à minha volta e me mantinha abstraída do resto do mundo.
O céu tinha ganho a cor que anuncia a última réstia de calor do dia. O pôr do sol tinha trazido o silêncio. E com ele veio um único pensamento "Um dia gostava de te trazer aqui. De partilhar isto contigo". E como que a adivinhar que me estava de novo a perder na minha própria mente, o vento voltou e limpou o meu pensamento. Desfez cada traço de tristeza, cobrindo a minha face com as madeixas de cabelo que tinha conseguido soltar e obrigou-me de novo a andar.
Fiz o caminho de volta acompanhada pela luz que marca o fim do dia...mas que promete sempre o regresso de um outro novo.
Porque todos nós chegamos a um momento em que devíamos dizer isto, porque apesar de tudo o que nos possa acontecer, temos que nos compôr e seguir em frente.
24 fevereiro 2013
20 fevereiro 2013
Era uma vez...
Costumava ter um desejo quase sôfrego
por livros. Perdia-me nas páginas de um livro tão facilmente que me esquecia do
que realmente me rodeava. Viajava por sítios em que nunca estive, conhecia
pessoas de todas as raças e feitios. Mais do que conhecer as personagens principais
dos livros que li, durante alguns bocadinhos, eu era essa mesma personagem. Pisava
o mesmo chão que elas, sofria o mesmo golpe que elas, alegrava-me com o
desfecho feliz que finalmente conseguiam alcançar, como se esse mesmo final me
fosse destinado a mim.
Um dia o desejo sôfrego diminuiu. Quase desapareceu. Desculpava-me e dizia que já não tinha tempo. A verdade, percebo-a agora, é que o tempo que me faltava não era para ler as letras amontoadas em cada linha. O tempo era escasso para viver a vida de outras personagens. Estava finalmente a viver o meu próprio conto de fadas e por isso não sentia a mesma necessidade de me aventurar em qualquer outro conto.
Percebo isso agora, pois quando o
meu conto não teve o final que eu esperava voltei-me de novo a embrenhar nas
páginas das histórias dos outros. Voltei a deixar-me hipnotizar pelas milhares
de letras, que juntas contam a história de alguém que ficará para sempre
imortalizado entre uma capa e uma contra capa.
Tinha saudades deste vício. Tenho
pena de só ter voltado a procura-lo nestas circunstâncias.
Mas aprendi a minha lição. A
partir de hoje passamos a viver em simbiose. Eu e as personagens que vivem
entre as páginas do meu vício. Seja qual for a minha própria história.
“I stare down at my shoes, watching as a fine
layer of ash settles on the worn leather…..” (The mockinjay. S. Collins)
E de repente também eu vejo as
cinzas…mesmo que não seja eu a personagem que está a olhar para os sapatos. E
assim começa mais uma aventura…
17 fevereiro 2013
acreditar que é verdade parte II
"E afinal o cabelo cresce, a gripe cura-se, a ferida cicatriza, a noite torna-se dia, o inverno é substituído pelo verão e respiras fundo."
Pensamento de fundo dos próximos dias. Repetir a quantidade de vezes que forem precisas até que volte a ser verdade**
Pensamento de fundo dos próximos dias. Repetir a quantidade de vezes que forem precisas até que volte a ser verdade**
03 fevereiro 2013
Metades
Pensamos que somos o dobro de tudo, duas vezes mais que ontem e duas menos que amanhã.
Mas, no final somos apenas metade de qualquer coisa que já foi.
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