de vez em quando acho que alguém devia aqui limpar o pó.
temos rolhões de cotão ali nos cantos do blog e ainda não foi descoberto um anti-histamínico digital.
cheira-me a perigo social iminente.
mas que se dane a poeira.
lá debaixo continuamos nós, certamente com menos tempo, mas com a parvoíce cada vez mais apurada.
cada reunião é um desafio contra o tempo, o espaço e todas as outras condicionantes que nem imaginámos.
mas continuamos sempre nós.
é isso que me dá a certeza de estarmos para durar. com ou sem mulher-a-dias aqui.
compõe-te, oh! caralho
Porque todos nós chegamos a um momento em que devíamos dizer isto, porque apesar de tudo o que nos possa acontecer, temos que nos compôr e seguir em frente.
01 setembro 2014
27 abril 2014
Coisas da memória
“Não me lembro”.
Vai ser esta a minha resposta, quando perguntarem a um “eu” muito velhinho como é que conheci aquelas pessoas que aparecem sempre comigo a sorrir nas fotos, com quem me junto tantas vezes, e a quem chamo de família mesmo sem partilhar qualquer pinga de sangue. E essas pessoas vão fazer uma cara de surpresa... Porque não vão compreender como é que se esquece a forma como se conheceu alguém que parece ser tão importante. E depois eu vou explicar que é normal. Vou ensinar-lhes que quando existem pessoas que fazem parte de nós de uma maneira tão especial é impossível imaginar a nossa vida sem elas. Que quando alguém define quem somos, não conseguimos lembrar-nos de como é que éramos antes. Que quando preenchemos um vazio, ninguém quer voltar relembrar a sensação de se ser incompleto. Vou explicar-lhes que sempre conheci aquelas pessoas. Porque elas sempre estiveram destinadas a cruzar-se comigo. Sempre caminharam paralelamente a mim. Sempre estiveram lá…eu é que não as podia ver. Até que um dia, a vida desenhou a esquadria perfeita, traçou um ângulo de 90º graus entre duas linhas e finalmente eles estavam à minha frente. E vou perguntar-lhes “querem saber como foi esse dia? O dia em que vi a cara de cada um deles?” Isso eu lembro-me.
E vou contar-lhes como foi que vos vi. Vou dizer-lhes que todos tinham uma coisa em comum. Todos sorriam para mim. Um sorriso igual àquele que temos em todas as nossas fotos. Um sorriso igual àquele que ainda têm, cada vez que vos vejo. Um sorriso que nunca se esquece!
Sei-te de cor
Fecho os olhos e vejo os teus
olhos fixos nos meus. E sei o que vem a seguir.
Sei que vou sentir as tuas mãos à
volta minha cintura, a percorrerem cada centímetro de pele que tenho. A
fecharem o meu corpo no mais apertado dos abraços. Sei que me vais puxar para
junto de ti, que vais acabar com a curta distância que nos separa. Depois vais
enterrar a tua boca nos meus cabelos, junto ao meu pescoço. Sei exactamente o
sítio em que vou sentir a tua respiração. Quente. Tão quente. Sei quanto tempo
vais ficar assim. Sei quando é que as minhas mãos vão começar a deslizar pelas
tuas costas, a delinear cada bocadinho teu. Sei onde é que elas vão parar e com que intensidade vão agarrar a tua cabeça e puxar a tua boca para junto da
minha. Sei a palavra que vais suspirar antes de os meus lábios tocarem nos teus.
E sei aquilo que vou pensar “Eu também. Tanto”. A seguir perco-me completamente
em ti. E já não sei mais nada depois disso.
02 março 2014
Your stupid adolescent you didn’t know everything!
As lágrimas percorrem as maçãs do
rosto. Não por tristeza. Não por desilusão. Apenas pela constatação da verdade,
do presente. Não estamos nem perto do que queremos alcançar. Não estamos
satisfeitos do pouco que conseguimos atingir no muito onde sonhámos chegar. Mas
uma pessoa sábia disse-me ao ouvido “Aproveita o presente, um dia olharás para
trás e não sabes o que fizeste da vida. E sabes uma coisa: só tens esta!”
Hoje chorei porque não tinha nada mais para fazer com tanta emoção, com tanto sentimento acumulado dentro do meu ser tão pequeno neste big big world. Hoje deixei as lágrimas caírem enquanto conduzia para a cidade que não é a minha. Para a casa onde não me vejo envelhecer. Para a vida onde não vejo futuro. Mas é a minha. Não é a tua, nem daquela pessoa que há-de passear a esquina e olhar para a minha janela e pensar que gostava de aqui viver. Não. Esta é a minha vida. E se eu pensar bem… É verdade, não é como eu gostava que fosse. ¼ de século já aqui pesam e ainda queria fazer tanto antes de chegar à terceira dezena. Mas tantas foram as coisas que consegui. Tanto é o que consigo todos os dias. A começar pelo sorriso que arranco a alguns, o alívio que ofereço a outros, e a felicidade que levo a ti! Para alguns pode ser pouco. Mas já pensaste bem o que é realmente importante? Para ti? Eu já… As lágrimas apenas se devem por não o poder fazer todos os dias.
Freedom is not everything. Happiness is the true goal!
23 novembro 2013
Conheci-te quando ainda nem sabia o que era conhecer alguém
Vou ser sincera. Não me lembro da primeira vez que te vi. Não tenho a mínima ideia. Mas sei, que me habituei tanto a ter-te por perto, que parece que estiveste lá desde sempre. E pensando bem, isso nem anda muito longe da verdade.
Sei que estavas lá nas férias, quando trocava o frio das terras dos Alpes pelo calorzinho do nosso Portugal. Sei que estavas lá quando aprendi (à força...literalmente) a desenhar os "R's". Sei que estavas lá para partilhar o teu lanche da manhã (principalmente quando não gostavas dele). Sei que estavas lá em todas as mudanças, em todos os momentos que crescemos mais um bocadinho e em todos os momentos em que regredimos no tempo e voltámos a ser crianças.
Juntas fizemos acrobacias dignas de circo, naqueles ferrinhos do ciclo (e de pessoas que não sabiam a mínima ideia de qual o verdadeiro significado das palavras "traumatismo" e "craniano"). Juntas entrámos no mundo assustador do Liceu. Juntas gastámos fortunas em gomas e em revistas teen. E toda agente sabe que isto é um marco na vida de uma rapariga. Nunca nos esquecemos da pessoa ao lado de quem suspirámos pelo lindo cabelo do Simão dos morangos com açúcar, ou por um dos elementos dos backstreet boys.
Fomos mais que amigas. Fomos companheiras. Fomos a âncora uma da outra. Continuamos a ser.
Não há muita gente com a mesma sorte que eu. A de conseguir manter alguém como tu tanto tempo ao meu lado. A sorte de ter a certeza que contigo posso contar sempre. E a de poder comprovar isso vezes e vezes sem conta.
Não há muita gente com a mesma sorte que eu. A de conseguir manter alguém como tu tanto tempo ao meu lado. A sorte de ter a certeza que contigo posso contar sempre. E a de poder comprovar isso vezes e vezes sem conta.
Ao longo dos anos tivemos de fazer muitas escolhas. Mas existiu sempre uma que foi constante e bilateral. A de nunca nos afastarmos. E vai continuar a ser assim. Porque ninguém se separa da amiga dos lanches, das gomas, das revistas teen, e da vida :)
21 novembro 2013
Hoje a festa não é minha
No dia em que fiz 10 anos achei que tinha atingido um marco importante. Ia passar aos 2 dígitos. Estava a ficar crescida. Comecei a imaginar como seria ter 15 anos. Comecei a pensar que talvez nessa idade me pudesse vestir como quisesse, pintar as unhas, quem sabe talvez usar saltos altos. Cheguei aos 15 com as unhas pintadas, mas sem saltos altos. E comecei a imaginar como seria ter 18 anos. Era atingir a independência, poder fazer o que quisesse, sem dar satisfações a ninguém (era uma ingénua, portanto aos 15 anos). E cheguei aos 18. Continuei a dar satisfações da minha vida, e não fiquei independente de ninguém. Mas, a partir desta idade aconteceu realmente algo de diferente. Deixei de sonhar com os anos que viriam. Aos 18 não pensei nos 19. Aos 19, não imaginei os 20. Em vez disso passei a vivê-los mais intensamente, de maneira a que quando chegasse a altura de partir para mais um patamar, fosse capaz de olhar para trás e dizer, que foi um bom ano. Um ano em aprendi, que dei, que tentei ser, que fui, que fiz, que desfiz, que refiz, que acordei, que adormeci, que sonhei de olhos abertos, que fechei os olhos ao que não queria, que vi o que sempre quis ver.
E cheguei aqui. Aos 24. E olhando para trás estou satisfeita. Mudava algumas coisas, sim. Muitas até. Mas, não mudava as pessoas que me acompanharam até aqui. Alguns desde o meu 1º dia de vida, outras desde o meu 1º mês, outras há uma dúzia de anos. Outras há 7 anos que foram tão intensos que poderiam ser multiplicados por 3 ou por quatro. Uma antiga, que se tornou especial, que mudou a maneira como a via (e que depois a voltou a mudar outra vez), mas, que no meio de tanta volta, conseguiu manter-se lá, como amiga. Outra muito recente, mas cimentada :)
E há ainda as duas pessoas que sonharam comigo, ainda mesmo antes de eu existir. Que esperaram, e continuam a esperar por mim, de uma forma mais entusiasmada do que quaisquer outras pessoas. Que sei que vão estar sempre, sempre lá. Porque sempre estiveram. Desde o principio.
E uma especial que eu vi nascer. Que vi ainda com olhos de gente pequena, mas a quem prometi estar sempre lá. E se há alguma coisa que me arrependo neste último ano foi de ter quebrado a promessa. Estava tão empenhada em mim, em fazer com que o meu ano contasse, que acho que não estive à altura dela.
Aos 24 anos mudo isso. Aos 24 vou fazer melhor. Desde que prometas que me deixas tentar :)!!
Aos 24, vou manter-vos a todos bem pertinho. Desde também prometam que não me deixam fugir.
Um brinde. A ti cogumelo. E a vocês.
25 outubro 2013
30 agosto 2013
brindamos sempre aos mais de 4 anos...
e, felizmente, brindamos há bem mais de 4 anos.
e num dos mais recentes ajuntamentos, como habitual, fomos soltando pedaços das nossas memórias.
pessoalmente agradeço por isso porque a minha gaveta de recordações teima em ser pequenina demais para poder guardar tudo o que já passamos.
mas assim funciona. aquilo que eu me lembro não é o que tu te lembras e a tua história completa a minha e a delas.
nos entretantos, a minha gaveta de recordações abre-se estrondosamente nos arquivos muito antigos e, eis senão quando, me ocorre que um dos maiores amores da minha infância foi um dos moto ratos.
era, claro, o rato castanho do lenço vermelho, todo cheio de atitude à jon bon jovi.
a sério que preferia lembrar-me de outras coisas, mas até a minha memória é selectiva no que toca a formas de me embaraçar.
ainda assim, obrigada meninas por se terem rido comigo desta.
espero pelo próximo ajuntamento, muito rápido. é que a minha gavetinha deve ainda ter tanta deprimência desta por lá guardada...
27 julho 2013
18 junho 2013
Este senhor sabe do que fala
...e quando for grande quero escrever como ele :)
"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? (…) Quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar.
Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência (…) A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar. É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
O esquecimento não tem arte (…) Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.”
O último Volume, por Miguel Esteves Cardoso
Subscrever:
Mensagens (Atom)